
Início da vida e interesse pelo Islã:
Em 6 de setembro de 1988, Abd al-Majid Jean-Marie Douchman faleceu em Casablanca, no Marrocos, aos oitenta anos de idade. Ele foi enterrado em um cemitério marroquino, cumprindo seu desejo de ser enterrado em uma terra islâmica. Esse ex-padre cristão decidiu se mudar para o Marrocos em 1987, depois de se converter ao islamismo nos últimos anos de sua vida.
Douchman começa sua história: "No início da minha vida, eu sonhava em me tornar um missionário no Marrocos ou na África. Eu admirava Charles de Foucauld, que fundou um grupo religioso voltado para a conversão de muçulmanos. No entanto, minha saúde me impediu de prosseguir com esse projeto, então entrei para o seminário e me formei em 1932. Fui nomeado diretor de várias igrejas nas cidades e vilarejos ao redor de minha cidade natal, Le Mans."
Douchman relembra: "Meu sonho e minha formação cultural, juntamente com meu gosto como pintor que criava pinturas a óleo sob o pseudônimo de 'Duto', tornaram-me popular entre os ricos e nobres do distrito. No entanto, eu não conseguia suportar os aspectos psicológicos da igreja, que, na minha opinião, contradiziam a sinceridade da verdadeira fé. Em 1947, encontrei uma tradução da Surah Al-Fatihah e comecei a lê-la em meio à propaganda cristã. Em 1957, visitei a Mesquita de Paris e comprei uma tradução completa do Alcorão."
Conexão com a comunidade muçulmana:
Após a Guerra da Argélia, Douchman conheceu alguns argelinos que haviam migrado com o exército francês e os ajudou a encontrar trabalho. Ele se interessou pela comunidade muçulmana de Le Mans e arredores e se envolveu com eles, apesar de não saber árabe. Douchman pensou em abrir uma mesquita para os trabalhadores muçulmanos que rezavam em sua casa. Ele conta: "Enviei uma solicitação à administração da igreja para vender um terreno para a Associação Muçulmana de Sarthe. Inicialmente, a igreja se recusou, mas eu persisti até que o bispo Chevalier concordou".
Com os esforços voluntários dos trabalhadores muçulmanos e o financiamento de outros benfeitores, uma das maiores mesquitas fora de Paris foi inaugurada no início da década de 1970. Douchman continuou cuidando da comunidade muçulmana, visitando cafés para conhecer trabalhadores muçulmanos e incentivando-os a voltar à mesquita.
Conversão ao Islã:
Douchman diz: "Em 1976, visitei a Índia e o Paquistão por quarenta dias. Provavelmente decidi abraçar o Islã durante esse ano, mas mantive isso em segredo para não incomodar minha prima, que era muito adepta do cristianismo tradicional. Depois de sua morte, em 1982, mudei a atmosfera da minha casa, colocando o nome de Alá nos lugares onde havia cruzes ou ídolos. Escolhi o nome 'Abd al-Majid' em homenagem ao jovem tunisiano que me ajudou a aprender sobre o Islã."
Em 1983, Douchman foi à Mesquita de Paris para declarar oficialmente sua conversão ao Islã. Ele decidiu se mudar para um país islâmico para ser enterrado em terra islâmica. Ele diz: "Houve reações nos círculos cristãos locais ao meu anúncio, mas decidi ir para o Marrocos".
A vida no Marrocos e os desafios:
Douchman acrescenta: "Em agosto de 1987, deixei Le Mans e fui para Casablanca, onde fiquei surpreso com a diferença entre a minha ideia do Islã e a situação atual dos muçulmanos. Continuei apoiando a comunidade muçulmana, acompanhando os trabalhadores à mesquita para as orações. Comecei a jejuar com os muçulmanos durante o Ramadã e a ler o Alcorão várias vezes por ano."
Refletindo sobre sua contemplação do Alcorão, Douchman diz: "Revisitei meus estudos religiosos, reabrindo os livros que faziam parte do currículo do seminário. Tornei-me um especialista em comparar o cristianismo e o islamismo, rejeitando várias crenças cristãs, como a divindade de Jesus e o conceito da Trindade."
Morte e legado:
Em 6 de setembro de 1988, Abd al-Majid Jean-Marie Douchman faleceu em Casablanca e foi enterrado no cemitério islâmico da cidade, de acordo com seu desejo. Douchman expressa seu legado: "O Islã era o refúgio espiritual que eu procurava há muito tempo. Encontrei no Islã a verdadeira fé e a sinceridade que senti falta na igreja. Espero que minha conversão sirva de exemplo para outras pessoas em sua busca pela verdade e pela fé sincera."
Por meio desses detalhes e diálogos, a jornada do padre marroquino Abd al-Majid Jean-Marie Douchman, de sacerdote cristão a pregador islâmico devoto, é destacada, mostrando o poder do Islã e sua capacidade de atrair corações que buscam a verdade.